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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

.”VAMOS CA/ONTAR AS JANEIRAS E COMER O BOLO REI! "

Nota Importante:
O texto abaixo publicado está a concurso na blogagem de Janeiro http://www.aldeiadaminhavida.blogspot.com/. Assim, a todos os que gostaram poderão votar. Além da votação de 28 a 31 de Janeiro, a quantidade e qualidade de comentários também contam para a eleição do Melhor Texto. Não hesite, Comente!

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Foto do Rancho Folclórico de Cortecega

Na sequência da Blogagem de Janeiro no blog-aminhaldeia@sapo.pt, elaborei esta pequena história para contar como se cantava as Janeiras na minha Aldeia. Assim, neste contexto não podia deixar de publicar esta história no meu blog. espero que gostem.

Janeiras são uma tradição muito antiga que vai passando de geração em geração.
Na minha aldeia essa tradição manteve-se até há alguns anos atrás, mas em muitas aldeias de Portugal esta tradição está viva, felizmente!

Bem, vou contar como era no tempo em que vivia na aldeia onde nasci (Cortecega).
Existia um grupo folclórico do qual eu fazia parte e por altura dos Reis lá ia-mos nós pedir as Janeiras.
Na noite de Reis, formavam-se dois grupos de pessoas. Um grupo percorria as ruas da aldeia e o outro ia à povoação mais perto (neste caso a Cabreira) indo de casa em casa, cantando e tocando alguns instrumentos, como pandeireta, ferrinhos, tambor, concertina, desejando, assim, um bom ano aos seus vizinhos cantando quadras como estas.

Boas noites, meus senhores
Boas noites vimos dar
Vimos pedir as Janeiras
Se no-las quiserem dar
***
Aqui vimos, aqui vimos
Aqui vimos bem sabeis
Vimos dar as boas festas
E também cantar os Reis

Mas como a porta tarda em abrir-se

Levante-se daí Senhora
Do seu banco de cortiça
Venha-nos dar as janeiras
Ou de carne ou de chouriça
***
Viva lá o Senhor António
Raminho de bem-querer
Traga lá a chave da adega
Venha-nos dar de beber

De uma maneira geral as gentes da casa acediam, e então tinham direito a agradecimento:

As janeiras que nos deram
Deus será o pagador
Queira Deus que para o ano
Nos faça o mesmo favor

Mas também podia acontecer “não haver nada para ninguém”. Então…

Cantemos e recontemos
Tornemos a recontar
Esta barba de farelos
Não tem nada para nos dar

Terminada a canção numa casa, esperava-se que os donos nos dessem as janeiras (castanhas, nozes, maçãs, batatas, carne de porco chouriço, morcela, porque tinha sido altura das “matanças”, etc) . Dinheiro não se dava, mas caso alguém o fizesse era para ajudar a comprar o que faltava paro o almoço de dia de Reis.

No dia de Reis o povo juntava-se no largo da aldeia. Preparava-se a lenha que tinha estado a arder no largo desde a noite de Natal, onde eram colocadas as panelas de ferros onde se cozia a batatas, a carne, as chouriças, dadas na noite anterior. Preparava-se as couves que ainda de noite tínhamos sido (desviadas da horta do vizinho) e em festa todos, bebiam e cantavam. No caso de alguém da terra não ter dado nada aquando do peditório, nós íamos ao galinheiro e (desviava-mos uma galinha), quem pagava as favas era a raposa, pois tinha sido ela que tinha ido a capoeira. A pessoa era convidada para a festa e só tempos mais tarde lhe era dito quem foi à capoeira (era uma rizada).

Era uma confraternização que unia as pessoas e que hoje recordo com saudades. Muitas vezes são tema de conversa quando nos encontramos e revivemos o passado, principalmente no verão, altura de férias.

11 comentários:

Helena Teixeira disse...

Olá,Eugenia!
Pois eu gostei do seu texto.Aprendi costumes que nao conhecia como desviar couves e galinhas ;) Mas também nao conhecia esse tradicional almoço de Reis e a preparação à volta disso.Interessante mesmo e apetitoso :)

Boa Semana
Jocas gordas
Lena

Acacio Moreira disse...

Olá, Eugénia!
Gostei muito do seu texto, era realmente assim as janeiras nas nossas terras. Pena é que tradições assim estejam desaparecidas, Era lindo viver estas festas tradicionais, traziam a alegria, o convívio, o divertimento entre os aldeões As pessoas eram muito felizes assim, bastava ouvir o toque de uma simples concertina para esquecer as agruras da vida e pular para o terreiro cantando e dançando.
bons tempos, que saudades!.
Não há tempo que vá e não volte!...
vamos esperar para ver.
Um abraço
Acácio

Guidinha Pinto disse...

Olá, boa noite. Sou fã dum blog de Paula Santa Cruz. Deve ter alguma coisa a ver consigo:). Já agora, apresento-me. Sou de Lisboa, 2ª geração. Mais atrás, meus Avós Maternos são naturais da Cerdeira de Góis. Quando estou na estrada nacional 2 virada para a Estrela, sei que Cortecega fica em frente, escondida algures na encosta de um monte. Como pertence a Góis, vou segui-la também.
Tenha uma boa noite.
Fique bem.

Eugeni Cruz disse...

Olá D. Guidinha:

Sim, a Paula Santa Cruz é minha cunhada, casada com o meu irmão, O Blog dela é fantástico, sempre que tenho alguma dúvida sobre os meus Blogs ( O de Cortecega e do Corterredor) recorro a ela.
Fico muito satisfeita em saber que gostas de ver os blogs da nossa terras, gostaria de seguir o seu, embora já siga um da Cerdeira, (será o Seu?) aldeia que conheço muito bem pois o meu prima Aníbal (já falecido) casou na Cerdeira onde construiu uma casa e viveu até a sua morte que aconteceu à quatro anos atrás.
Um abraço
Eugénia Cruz

Eugeni Cruz disse...

Olá D. Guidinha:

Sim, a Paula Santa Cruz é minha cunhada, casada com o meu irmão, O Blog dela é fantástico, sempre que tenho alguma dúvida sobre os meus Blogs ( O de Cortecega e do Corterredor) recorro a ela.
Fico muito satisfeita em saber que gostas de ver os blogs da nossa terras, gostaria de seguir o seu, embora já siga um da Cerdeira, (será o Seu?) aldeia que conheço muito bem pois o meu prima Aníbal (já falecido) casou na Cerdeira onde construiu uma casa e viveu até a sua morte que aconteceu à quatro anos atrás.
Um abraço
Eugénia Cruz

Lourdes disse...

Olá Eugénia
Bom texto relatando um costume que é tradicional no nosso país, em especial nas regiões do interior.
Estas descrições são um bom contributo para não as deixar cair no esquecimento. Afinal fazem a história das nossas aldeias.
Beijinhos

Margarida disse...

encontrei-te Eugénia.
Quero agradecer-te o comentário no meu blog das bonecas e convidar-te para voltar quando quizeres.
Este post é uma delícia, cantar as janeiras assim é uma benção.
saudações da avó Guida

Helena Teixeira disse...

Ehehe, as Janeiras estão ao rubro.Quem ira ter uma estadia na Serra? :p
O júri vai ter dificuldades,vai vai...

Jocas gordas
Lena

Helena Teixeira disse...

Olá Eugénia!
Por onde anda a menina?
Não a tenho visto, nem no seu blog.Ai ai ai...

Ah, o mês de Fevereiro está quase a chegar e com ele a Blogagem de Fevereiro. O tema é: O Carnaval e as suas tradições. Já sabe: texto 25 linhas e foto até 8/'02 para aminhaldeia@sapo.pt

Jocas gordas
Lena

Eugenia Cruz disse...

Olá Helena:
Eu estou aqui. Confesso que tenho tido um pouco de preguiça para escrever no blog, apesar de ter várias histórias e notícias para colocar. Prometo para a semana estar mais atenta. No entanto já tenho o meu texto para a blogagem de Fevereiro, mesmo antes de o pedir eu já andava de volta dele, claro sempre baseado nos meus carnavais de juventude na minha aldeia (mas nada de confusões eu ainda sou muito jovem), tenho saudades da paródia desses tempos. Os dos dias de hoje também são lindos, mas mais superficiais.
Mudam se os tempos mudam se as vontades e costumes. Assim cabe-nos a nós relembrar os tempos passados, para que não sejam esquecidos.

Um beijo

Eugenia Cruz disse...

Olá Helena!
Eu estou aqui. Confesso que tenho tido um pouco de preguiça para escrever no blog, apesar de ter várias histórias e notícias para colocar. Prometo para a semana estar mais atenta. No entanto já tenho o meu texto para a blogagem de Fevereiro, mesmo antes de o pedir eu já andava de volta dele, claro sempre baseado nos meus carnavais de juventude na minha aldeia (mas nada de confusões eu ainda sou muito jovem), tenho saudades da paródia desses tempos. Os dos dias de hoje também são lindos, mas mais superficiais.
Mudam se os tempos mudam se as vontades e costumes. Assim cabe-nos a nós relembrar os tempos passados, para que não sejam esquecidos.

Um beijo

A MINHA ALDEIA

" Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver. "
Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos"