Número total de visualizações de páginas

domingo, 21 de novembro de 2010

POEMA "O SOBREIRO"

Deixo aqui um poema que o meu Amigo João Celorio (poeta) fez ao meu texto sobre "A MINHA RUA" Obrigada amigo...

Um seu pedido, já antigo,
minha mão nunca se nega
aqui está o meu verso amigo
para a Eugénia de Cortecega!

Todos temos a nossa rua
tenha ela ou não sobreiro!
Cada um chama-lhe sua
e é sua de corpo inteiro.

Porém o facto primeiro
não se aplica a todos nós.
Ter uma árvore, um sobreiro,
ali junto, à porta dos avós.

Sobreiro à beira da estrada,
que vai de Góis à Cabreira,
tornava, à gente cansada,
menos penosa a canseira.

Porém, não só havia um banco
para que o viajante bem se sinta,
havia o cuidado bom e franco
duma boa alma, de nome Jacinta!

Com nove filhos para criar,
todo o mundo era seu filho,
sempre havia água para dar
e, vejam, até broa de milho!

E, assim, pela sua bondade,
onde o outro está primeiro,
ficou para a eternidade.
Tia Jacinta, do Sobreiro!

O sobreiro apodreceu
e o tempo tudo apagou,
mas o povo não esqueceu
e Rua do Sobreiro ficou.

Como o sobreiro, já velho,
também avó Jacinta se finou.
A sua filha tomou conselho
e sua boa obra continuou.

E, fizesse frio ou calor,
a todo que ali passava,
havia um gesto de Amor.
E, a obra continuava!

Com tais exemplos, assim,
melhor ninguém fariam.
Eugénia fez um jardim.
Ela e Hermínia, sua tia.

Com a estrada alcatroada,
e um banco à sua porta,
não precisava mais nada.
A conversa não era morta!

Os veraneante, de Lisboa,
quando lá iam, no Verão,
juntavam-se à gente, boa.
Estendiam a manta no chão.

Assim, sentados nas mantas,
eram essas noites vividas
e lá ficavam, até às tantas,
contando histórias da vida.

Então os jovens da aldeia,
além de muito conversar,
como todo o amor enleia
faziam quadras, ao luar.

História como esta haverá,
salvo melhor opinião,
e também dentro terá
o que cabe num coração!

Sem comentários:

A MINHA ALDEIA

" Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver. "
Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos"