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segunda-feira, 31 de maio de 2010

NOTICIAS DA NOSSA TERRA

"Queremos mostrar às pessoas que vale a pena vir a Góis e desfrutar de toda a sua riqueza natural” Presidente da Câmara Municipal de Gois ( Drª. Lurdes Castanheira)
Por Zilda Monteiro
Presidir a um município como o de Góis tem sido um desafio “altamente gratificante”. Seis meses depois de ter tomado posse como presidente da autarquia, Lurdes Castanheira traça um balanço “francamente positivo” destes primeiros meses de mandato e espera desenvolver, nestes quatro anos, um trabalho que contribua decisivamente para o desenvolvimento e afirmação do concelho de Góis. Assim, para além de quatro obras determinantes que se encontram em curso e que deverão estar concluídas até 2011, a autarca de Góis entende que é prioritário apostar também em infraestruturas básicas, sendo sua intenção levar o saneamento a todo o concelho, assim como água de qualidade. O desenvolvimento de Góis passa também muito pelo turismo, estando a dar-se passos decisivos nesta área, nomeadamente com a construção de um complexo de turismo e saúde. Foi eleita presidente da Câmara de Góis há cerca de seis meses. Como tem encarado este desafio?

Como sou uma pessoa de desafios, de projetos e que gosta de luta, sinto que tem sido altamente gratificante. Este é um projeto onde me revejo, que resultou de uma escolha minha, sufragada depois pelos eleitores. Volvidos 180 dias (fizemos no dia 26 de abril seis meses), o balanço que faço é francamente positivo. Obviamente que não posso deixar de dizer que o desafio é grande, a responsabilidade não é menor, e há, naturalmente, um conjunto de dificuldades e constrangimentos que vão surgindo no dia a dia, em determinados processos, seja ao nível dos recursos humanos, do lançamento de obras ou do próprio funcionamento interno da organização da Câmara Municipal. Mas nós temos conseguido ultrapassar algumas barreiras e posso afirmar neste momento, volvidos seis meses, que tenho uma equipa que me satisfaz em termos de desempenho e que, efectivamente, tem estado à altura dos desafios.

Relativamente aos recursos humanos, trabalho com um universo de 160 funcionários e temos vindo a fazer um desafio aos trabalhadores e a dizer-lhes que se impõe um desempenho diferente porque a exigência é diferente. Sinto que realmente temos uma equipa fantástica na Câmara, gente inteligente, com competência, com conhecimentos mas, às vezes, ainda se torna difícil as pessoas acompanharem o ritmo que se impõe, um ritmo um pouco mais acelerado. Não podemos pensar que no interior e nas zonas rurais as coisas demoram sempre muito mais tempo a resolver. Não podemos continuar a alimentar esse estereótipo porque tanto faz estar no mundo urbano como no mundo rural, no interior ou no litoral. Há um ritmo que se impõe e os serviços públicos têm que estar preparados para responder com celeridade e com rigor. Isso depende do desempenho e da performance dos nossos recursos humanos.

Quais são as prioridades que estabelece para os próximos quatro anos?


Eu tenho algumas dificuldades em falar de uma ou outra prioridade. Obviamente que traçámos um rumo, um rumo que exige uma visão perspectiva de futuro. Não podemos pensar apenas a um ano. Daquilo que herdámos do executivo anterior, há um conjunto de obras que consideramos como estruturantes e as nossas energias têm sido canalizadas para esses projectos que vão desenvolver-se ao longo do ano de 2010 e 2011. Uma dessas obras é a Casa Municipal da Cultura, uma obra estruturante que há muito fazia falta no concelho de Góis, que representa um investimento que ultrapassa o milhão e meio de euros e que vai ter o seu termo em finais de 2011. Temos também em curso o projecto de requalificação do campo de futebol, que engloba o campo sintético com bancadas; uma infraestrutura que será uma espécie de um pequeno estádio para Góis. É uma obra também estruturante na área do desporto e da ocupação dos tempos livres, que se divide entre os anos de 2010 e 2011. Muito perto da conclusão está a obra da requalificação dos Paços do Concelho, cujos trabalhos começaram em 2009 e devem estar concluídos no final deste ano. Esperamos que em Outubro possamos ter a Câmara pronta, porque estamos num edifício cedido e as condições físicas de trabalho são uma condição essencial para o bem estar dos trabalhadores e para o seu melhor desempenho. Para além destas, temos também em curso uma obra na área da educação, que é o Centro Escolar de Alvares, que vai ter a sua conclusão este ano. Essas são as quatro grandes obras às quais temos dado uma atenção especial no sentido da sua concretização, até porque envolvem fundos comunitários. São obras que estão no terreno e que devem estar concluídas ainda entre este e o próximo ano. Neste momento podemos projectar já outras obras que consideramos prioritárias e que vão passar pela resolução de problemas que têm décadas e que se prendem com o saneamento. As pessoas queixam-se e, de facto, estamos a falar da satisfação de uma necessidade básica, de um serviço público que há muito devia estar implementado. Nos aglomerados com maior número de habitantes vamos avançar com o saneamento e com a construção de algumas ETAR’s e, para isso, temos contratualizado com as Águas do Mondego essas infraestruturas. Vamos fazer um investimento grande também ao nível da qualidade da água e essa vai ser uma prioridade nossa, durante todo o mandato, nas povoações e nas freguesias onde, efectivamente, ainda se coloca em causa a boa qualidade de um bem público. A nossa grande preocupação centra-se em Vila Nova do Ceira, a segunda maior freguesia do concelho, que tem problemas com a qualidade da água que se agravam na altura do verão, quando a população aumenta. Uma das nossas grandes prioridades para estes quatro anos é, sem dúvida, melhorar as infraestruturas ao nível do abastecimento da água ao domicílio e resolver a questão do saneamento. Não podemos fazer investimentos nas áreas da cultura ou do desporto quando não temos os serviços básicos assegurados na plenitude. Rendo a minha homenagem aos anteriores presidentes de Câmara que muito fizeram nesta área mas muito ainda há para fazer.

O desenvolvimento do município terá que passar obrigatoriamente pelo turismo?

Também. Não podemos esquecer que Góis tem enormes potencialidades em termos de turismo, potencialidades essas que - atrevo-me a dizê-lo - estão subaproveitadas. Temos aqui um conjunto de empresários que têm prestado um bom serviço, quer ao nível da restauração, quer ao nível do alojamento. Mas acreditamos que o que existe não resolve o problema da sazonalidade do turismo. Nós precisamos de ter uma infraestrutura que venha colmatar essa lacuna e para isso formalizámos um protocolo com um investidor Goiense, uma pessoa que durante muitos anos não esteve em Góis mas que esteve sempre ligado ao ramo da hotelaria e que resolveu fazer um investimento aqui no concelho de Góis.

Vai ser construído um hotel, um investimento que vai ter três fases. Primeiro vai ser construído um hotel de quatro estrelas superior; depois, a par desse hotel, haverá um conjunto de vivendas muito interessantes, tipo T1 e T2, para aquelas pessoas com autonomia e independência que queiram ter uma pequena habitação num espaço privilegiado do concelho de Góis; e a terceira fase tem a ver com um sector mais ligado à saúde e é dirigida a especialidades específicas, como Alzheimer, Parkinson e outras doenças para as quais o nosso país não tem actualmente respostas específicas em termos de acolhimento. Sabemos que muitas destas famílias não têm capacidades para acolher os seus idosos nas casas e vamos aqui criar uma resposta que vá ao encontro destas necessidades. É um investimento que ultrapassa os 50 milhões de euros. A Câmara estabeleceu um protocolo com o investidor e a autarquia vai vender uma parcela da Quinta do Baião e será responsável por tudo o que for infraestruturas públicas, como os arruamentos, a electricidade, a água, o saneamento… A nossa comparticipação terá a ver com tudo aquilo que é considerado público. A parte privada caberá ao investidor.

Será então muito mais do que um hotel?


Sim, é muito mais do que um hotel. O novo hotel será muito mais do que uma mera infraestrutura que vem resolver o problema do alojamento turístico e minimizar os problemas da sazonalidade que se verifica há muitos anos no concelho de Góis. De qualquer modo, devo dizer que não concordo que a solução de Góis seja exclusivamente o turismo. Concordo que o seja em parte, mas isso pressupõe que se aposte também noutras áreas, porque se não tivermos aqui outro tipo de ofertas, se não definirmos uma estratégia, por exemplo em termos de cultura, que marque a diferença, as pessoas não vêm. Ninguém vem passar férias a Góis só porque aí há um hotel. Naturalmente que as pessoas procuram outros serviços, outros bens que não se resumam a uma mera infraestrutura hoteleira. A par com o investimento no turismo é preciso fazer outros, seja na cultura, no desporto, ou na saúde… O processo de desenvolvimento é sempre transversal. Podemos focalizar o investimento numa determinada área mas nunca podemos descurar as que estão à volta, sob pena de ser um pouco redutor.

A desertificação e o abandono são problemas que são difíceis de contornar?


A desertificação não é um problema de Góis. É um problema do país, sobretudo das áreas rurais. Os autarcas devem ter lucidez suficiente para encarar o problema da desertificação sem demagogia. Neste momento nós só combatemos a desertificação se conseguirmos manter as pessoas no concelho. Não chegamos a cinco mil habitantes e temos que conseguir manter no concelho as pessoas que escolheram Góis para viver. Temos uma população envelhecida, onde a taxa de mortalidade é francamente superior à da natalidade e, um dia, vamos ter sérios problemas ao nível demográfico. Mas se conseguirmos criar condições vamos conseguir manter cá as pessoas. Para isso temos que ter emprego. Essa é uma condição fundamental. A par do emprego temos que ter o mínimo de serviços públicos (educação, saúde, segurança social) para que a falta de serviços e a distância não nos obriguem a preterir sempre os concelhos do interior para ir massificar ainda mais as zonas urbanas que já não têm espaço para todos e onde a qualidade de vida é menor. Se conseguirmos manter as pessoas que cá temos estamos em situação de pensar um modelo estratégico para atrair novos habitantes, particularmente gente jovem que queira aqui fixar-se. Tenho plena consciência de que, nestes quatro anos, será um desafio mas estou convicta de que vamos conseguir. A construção de um hotel vai criar emprego, vamos promover formação para termos bons profissionais a servir, gente que demonstre profissionalismo e saber fazer na profissão que está a desempenhar. A construção do Centro Escolar também vai levar à criação de novos postos de trabalho. Se tivermos a inteligência de atrair alguma indústria para o concelho de Góis, estamos no bom caminho. Depois de concluirmos as obras que estão em curso e que envolvem fundos comunitários, ficamos com alguma disponibilidade para podermos pensar noutros projectos. E se conseguíssemos atrair para aqui mais indústrias, empresas que criem 30 ou 40 postos de trabalho, era excelente. Não digo que tenhamos aqui um “boom” populacional mas fico muito contente se, no final do mandato, pelo menos não tiver perdido população.


Estamos a aproximar-nos da “época alta”, altura em que muitos emigrantes regressam à terra natal, assim como muitos turistas. Como é que está a ser preparada esta época?


Estamos já a proceder a um conjunto de limpezas em todo o concelho, para que as pessoas quando chegarem encontrem um concelho agradável, amigo do ambiente, que cuida dos espaços públicos. Estamos a organizar também um conjunto de actividades para os próximos meses, sendo de referir a Goisarte em Julho e as festas do concelho e a concentração motard em Agosto. Estamos a preparar um calendário de actividades que não se esgote entre Julho e Agosto. Temos uma programação já até Setembro e vamos continuar a programar. Queremos mostrar às pessoas que vale a pena vir a Góis, seja em que altura for. Temos estado também a estimular a iniciativa privada que tem alojamento turístico para que se prepare para prestar um bom serviço e temos feito um apelo aos restaurantes para que tenham alguma gastronomia tradicional nas suas ementas. Se tudo isto se conjugar, as pessoas têm vários motivos para escolher Góis como destino turístico. Estamos a fazer um trabalho integrado, que envolve a Câmara e as instituições públicas e privadas que operam no concelho de Góis, para podermos responder de forma eficaz àqueles que nos visitam e para podermos fidelizar alguns turistas. A nossa intenção é que quem nos visite volte, ainda este ano ou no próximo.

Até porque atracções não faltam…


Sem dúvida. Em termos de recursos hídricos estamos muito bem servidos. Queremos mostrar às pessoas que vale a pena vir a Góis e desfrutar de toda a sua riqueza natural. Temos este Vale do Ceira que é de uma riqueza incomparável e temos as aldeias do xisto que proporcionam uma rota aprazível vale a pena percorrer. Só podemos diversificar, desenvolver e aproveitar estas potencialidades endógenas se a par tivermos uma boa oferta de alojamento, uma boa restauração, um bom serviço público em termos de acolhimento dos turistas… Este é um projeto que tem que ser muito bem articulado entre todos e penso que estamos no bom caminho.

Reportagem dada ao Jornal despertar, retirada da internet

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A MINHA ALDEIA

" Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver. "
Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos"