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sábado, 26 de março de 2011

A VIDA NAS ALDEIAS

Nasci numa aldeia
No interior de Portugal
Hoje quero aqui descrever
Como era a vida Rural

As pessoas levantavam-se cedo
E para os campos iam trabalhar
Do nascer do sol até se por
Só paravam na hora do calor
Para descansar.

A manhã estava a nascer
Ouvia-se o galo a cantar
Acendiam a lareira para fazer café
Está na hora de levantar!
Porque há muito que andar a pé

Pelas seis horas da manha,iam ao curral
Ordenhar as cabras e as ovelhitas
Pois o leite tinham que colher
E depois juntarem às mães,os cabrititos

A roçadoira está afiada
Para o mato ir cortar
O curral tem de ser limpo
Para o gado se deitar

Os filhos seguiam para a escola
Aqueles que tiveram a sorte de estudar
Pois a dita não cabia a todos
Alguns iam para os campos trabalhar

Quando o sol nascia
Já ao longe se ouvia
O cantar das mulheres e homens
Pareciam uma cotovia

Num tempo a sementeira das batatas
Noutro o milho e feijão
Todos tinham de trabalhar
Para que em casa não faltasse o pão

Mãos calejadas da enxada
Rosto enrugado
Cada ruga tem uma história
Quem as houve fica encantado

São estas histórias que ouvimos
Que devem passar de geração em geração
Para que nunca se esqueçam
Que, é gente como esta
Que semeia o nosso pão

De segunda a sábado
Todos iam trabalhar
Ao Domingo iam à missa
Pois o dia era para descansar

Lembro-me dos bailaricos
Ao toque da concertina
Lá se juntavam os rapazes
Para dançar com a sua garina

Os irmãos Diogo, Alfredo e Arlindo
Três irmãos que sabiam encantar
Ao tocar, faziam um brilharete
As moças gostavam de dançar

Era uma alegria ouvi-los
Diziam as pessoas mais antigas
Andavam a tocar de aldeia em aldeia
Para verem dançar as raparigas

Mais tarde os bailes eram feitos
Ao toque da musica das rádios
Dos discos em vinil
Que ali eram colocados

Com as candeias à cabeça
As mães sempre atentas vigiavam
Os rapazes que vinham para o baile
Que com as suas filhas dançavam

Malandrecos já eles eram
Quando passavam pelas candeias
Assopravam para as apagar
E assim, as raparigas beijar

Ao toque das concertinas
Lá iam as moçoilas dançar
Os rapazes faziam apostas:
Qual delas iam namorar?

Hoje, graças a Deus, tudo é diferente
Todos vão à escola estudar
Seguindo os seus estudos
E a Licenciatura tirar.

Os campos estão ao abandono
Pois a vida fez as pessoas emigrar
Umas para as grandes cidades
Outras para o estrangeiro
Para melhor vida procurar

Actualmente vão aos supermercados
Ali encontram o que precisam
Mas se não voltarem a cultivar os campos
Um dia acaba-se o que mais necessitam

Hoje, os que em tempos emigraram.
Sempre que podem voltam às povoações
Principalmente em alturas especiais
Para alegrar os seus corações

No verão é tempo de férias
Deixam as suas casas nas cidades
Procuram as suas terras Natal
Para matar as saudades

A vida nas aldeias é serena e bela,
Ar puro, campos com flores amarelas
Pássaros a chilrear pela manhã
Sons dos trincos das portas e janelas

17-03-2011
Poema de:
Eugénia Santa Cruz

2 comentários:

Acácio Moreira disse...

olá Eugénia!
Excelente trabalho, relatando o dia a dia nas nossas aldeias em poesia
Que belas recordações que aqui nos traz. Era tão saudável viver netas aldeias, em tempos que já lá vão. mas ainda assim é muito bom voltar a recordar. Obrigado por mais esta maravilhosa obra.
beijo
Acácio Moreira

Eugénia Cruz disse...

Obrigada amigo Acácio!
Obrigada pelo seu comentário, Foi-me pedido que em jeito de poesia descrevesse como era a vida nas aldeias para publicar num jornal local. Eu limitei-me a transcrever para o papel, a minha vivencia. Pois, nasci numa aldeia e ali vivi até aos meus 22 anos. Foram tempos difíceis, mas felizes e quero recorda-los e sempre que poder dar a conhecer como era antigamente.
Não sou nenhuma "poetisa" só gosto de passar para o papel o que me vai na alma.
Peço desculpa aos leitores, este poema tinha alguns erros que já corrigi.
Um beijo
Eugénia Santa Cruz

A MINHA ALDEIA

" Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver. "
Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos"