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quarta-feira, 31 de março de 2010

A PÁSCOA NA MINHA ALDEIA

A Páscoa cristã, centra-se no domingo em que se celebra a ressurreição de Cristo. A Páscoa, que em hebraico significa passagem, era celebrada pelos judeus para comemorar a sua libertação do cativeiro egípcio, presume-se que durante o reinado do faraó Ramsés II.

No domingo que antecede a Páscoa é o Domingo de Ramos, celebra-se uma missa com a bênção dos ramos, Na minha vila há uma procissão da igreja da Misericórdia no pombal até à igreja Matriz, esta é acompanhada pela Banda Filarmónica Goiense.
Durante a semana fazem-se algumas cerimónias tais como: a última Ceia de Jesus com os Apóstolos, na quinta-feira, e na sexta, há a procissão do Senhor dos passos que dá a volta à vila e a adoração da Cruz. No sábado à noite há a missa da Ressurreição.
Chegou o domingo de Páscoa!
Na minha aldeia no Domingo de Páscoa, todas as pessoas se levantam cedo, fazem alguns bolos como: pão-de-ló, algumas sobremesas como: aletria, arroz doce e filhós, deitam o cabrito ao forno com as batatas assadas e preparam a mesa da sala com uma toalha branca e sobre ela colocam os pratos talheres e copos. Vão à missa com a sua roupa nova. Quando regressam já o cabrito está pronto, a mesa posta, é só reunir a família e ir para a mesa. Depois do almoço toca a preparar a mesa com toalhas de renda ou linho bordadas à mão. “Põe-se a mesa para o padre”. Com pão-de-ló, amêndoas, filhós, queijo fresco e vinho, para tudo estar pronto para receber a compasso.
Á tarde, esperamos em nossa casa ou junto à primeira casa que vai ser visitada pelo senhor padre e os seus ajudantes, que percorrem todas as casas para beijar a Cruz (o chamado compasso).
Para anunciarem que estão a chegar à aldeia as crianças tocam o sino da capela.
As portas das casas estão abertas, enfeitadas com ramos de alecrim e Loureiro nas portas e paredes, tapetes de alecrim e louro folhas de camélias para o Sr. Padre saber que ali se entra. No compasso vai o Sr. Padre e um grupo de crianças e adultos. Uma pessoa leva um crucifixo florido, outra leva a água benta, outra leva a sineta e outra vai com um saco para meter o dinheiro, Todos a cantar a canção: “Jesus ressuscitou (…)!

Todo o compasso entra nas casas menos o da sineta que fica na rua a tocar a sineta para avisar as outras casas que o compassa está perto. Entram em casa, à volta da mesa encontram-se as pessoas, à entra da sala os donos da casa. O Sr. Padre entra e com água benta, benze a casa dizendo “hoje é o dia em que o Sr. Ressuscitou aleluia, aleluia, aleluia”. Cumprimenta os donos da casa e família directa. A pessoa que leva a cruz eleva-a à família e aos presentes para todos darem um beijinho no Jesus.
Um dos ajudantes recolhe o dinheiro para o saco, outros as amêndoas, que no final distribui pelas criancinhas. Após a oração e a bênção, os donos da casa oferecem o que está na mesa, pede-lhes que comam e bebam à sua vontade. O padre confessa que lhe apetecia era ficar ali, mas que ainda lhe esperava uma longa caminhada.
Em seguida, vamos também para a casa dos vizinhos e familiares beijar o Jesus.
O senhor padre e os ajudantes demoram a tarde inteira a visitar casa a casa. Depois, na última casa os donos dessa casa oferecem o lanche a todos. Na minha aldeia é quase sempre em casa da Beatriz, que a todos brinda com as suas iguarias. O dia termina com confraternização com as pessoas juntas a festejar a ressurreição do senhor.
No Domingo de Pascoa também se dá o folar aos afilhados, na minha aldeia os afilhados oferecem aos padrinhos o ramo que foi benzido Domingo de Ramos, e os padrinhos dão aos afilhados, roupa de vestir, ou para o enxoval, dinheiro e o chamado folar (bolo doce com um ovo).

E é assim a pascoa na minha aldeia.




A TODOS DESEJO UMA FELIZ PÁSCOA.

2 comentários:

Adriano Filipe disse...

Uma Santa e Feliz Páscoa,em Cristo ressuscitado,para todos Vós.

Flora Maria disse...

Gostei muito de conhecer a Páscoa na sua Aldeia, Eugenia !
Tão diferente de tudo que eu já vivi na minha vida de "cidade grande"...

Mesmo morando agora numa cidade pequena, ela ainda é enorme, comparada com as pequenas e encantadoras aldeias portuguesas.

Beijo

A MINHA ALDEIA

" Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver. "
Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos"