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domingo, 14 de junho de 2009

" HISTÓRIA DA NOSSA ALDEIA"

CORTECEGA

Cortecega situa-se mesmo à saída da estrada que vai de Góis a Colmeal. A aldeia é constituída por uma mistura encantadora de velhas e novas casas, construídas na encosta e a Rua Principal desce ziguezagueando para uma velha praça por entre edifícios de xisto. A aldeia tem um ambiente activo e cheio de vida. As pessoas tratam das suas tarefas diárias e param para conversar um com o outro. Os habitantes viviam tradicionalmente da agricultura e do gado. Cortecega tinha o seu próprio moinho num lugar chamado Javiel, junto ao rio Ceira, mas este deixou de trabalhar já há mais de 20 anos e é agora uma ruína. As mulheres costumavam carregar o milho em cestas por cima da cabeça para moer no moinho. As azeitonas eram levadas para o lagar de Góis. No passado havia à volta de 3 moios na aldeia – 1 moio equivale a 60 cabeças de gado. No Verão acontecia que havia falta de água e a água da fonte principal ‘Nascente da Junça’ era racionada para 20 l ao dia por cada habitante. Havia mais duas fontes por baixo da aldeia e dos campos e as pessoas também iam aí fornecer-se de mais água. Há uma capela na aldeia, dedicada à Nossa Senhora das Neves e a velha ‘Eira do Povo’ é agora a área da festa. A enorme Casa do Convívio situa-se na Estrada Principal, separada da aldeia, e abre aos fins-de-semana. Nestas instalações fazem-se também, com marcação antecipada, almoços e jantares para o máximo de 150 pessoas, como costumam fazer durante a anual Concentração de Motas de Góis. A cozinha, como toda a outra organização envolvida, é feita pelos aldeões.

HISTÓRIA DE CORTECEGA


Existe uma divertida história antiga acerca da origem do nome da aldeia:Conta-se que a aldeia antigamente se chamava apenas ‘Corte’ e uma vez, há muito tempo, um residente da aldeia deslocou-se para o mercado de Góis para ai comprar uma suína. Quando estava a caminho de casa, acompanhado pela suína, reparou que esta era cega. Assim o aldeão disse para o animal:”Caminha para Corte, cega!” Dai em diante, conta a história, a aldeia ficou conhecida como Cortecega. (No entanto a aldeia é alistada no censo de 1527 como ‘Cortemga’ com cinco fogos e assim parece que esta historia é muito provavelmente só um conto imaginativo que surgiu posterior, mas que também não perde a graça por isso)!
No monte acima da aldeia existe uma mina chamada “A Buraca dos Mouros”. Um conto tradicional diz, que no passado tinham vindo os Mouros para a aldeia e os habitantes tentaram fugir. No entanto os Mouros capturaram um homem, penduraram-no numa figueira e espetaram-no com garfos de ferro. Entretanto, uma mulher com os seus dois filhos fugiu, descendo pelo carreiro que leva ao rio até a “Lapa da Fonte” e esconderam-se por baixo desta, porque esta fazia um tipo de gruta. Com as suas mãos ela tapou a boca as crianças para as manter caladas. Os Mouros tinham observado a fuga da mulher e vieram a procura dela e dos filhos. Eles chegaram a estar mesmo por cima da “Lapa da Fonte” mas a mulher e as suas crianças mantiveram silêncio. E só muito mais tarde, já era de noite, quando ela tinha a certeza que os Mouros tinham ido embora, ela deixou o esconderijo e regressou acompanhada pelos filhos para a aldeia. A aldeia encontrava-se deserta porque todos os habitantes tinham fugido, mas os Mouros tinham ido embora e assim a mulher e as crianças estavam salvos. No dia a seguir os habitantes regressaram para a sua aldeia.

1 comentário:

António Martins disse...

Mais uma interessante dissertação sobre Cortecega.
Gostei imenso de lar.
Trabalho muito bem conseguido.
António Martins

A MINHA ALDEIA

" Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver. "
Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos"